VAREJA DA AZEITONA
- Marco Alves
- 13 de jun. de 2020
- 2 min de leitura

(𝖲𝖾 𝗁á 𝗅𝗂𝖽𝖺 𝗊𝗎𝖾 𝗆𝖾 𝖽𝖾𝗂𝗑𝖺 𝗌𝖺𝗎𝖽𝖺𝖽𝖾𝗌, é, 𝖼𝖾𝗋𝗍𝖺𝗆𝖾𝗇𝗍𝖾, 𝖺 𝗏𝖺𝗋𝖾𝗃𝖺 𝖽𝖺 𝖺𝗓𝖾𝗂𝗍𝗈𝗇𝖺).
No início do novembro frio, com a sua geada matinal, o despertar acontecia bem cedo.
Era o tão esperado dia da vareja da azeitona!
Os homens preparavam as varas compridas, enquanto as mulheres iam estendendo os toldos no chão, à volta das vinte oliveiras da quinta. E eram tantos e tão compridos...
As nossas mãos iam gelando e era necessário, frequentemente, esfregá-las na roupa para sentir algum conforto.
A vara iniciava o seu trabalho. As azeitonas começavam a cair eficazmente. Parecia saraiva! Algumas delas conseguiam escorrer pelo tolde e infiltravam-se entre as ervas. Cabia aos mais pequenos descobri-las e colocá-las no balde.
Alguns ninhos velhos não resistiam à tremedeira e acabam também por cair. Eu corria logo para perceber de que espécie seria.
(Era incrível como aquelas varas chegavam aos locais mais escondidos das oliveiras).
As mulheres aproveitavam para separar a folha da azeitona, ao som de cantigas tradicionais populares.
Aquelo fruto tão pequeninho, preto ou verde, muito rapidamente, enchia imensos sacos de serapilheira e adubo.
Era um trabalho demorado e cuidadoso. Era importante que dos toldes apenas passassem as azeitonas.
Depois de tudo varejado e apanhado, assim como após a merecida “pega da manhã”, geralmente um delicioso bacalhau frito, chegava a altura de carregar os pesados sacos para o camião amarelo do meu pai.
Apoderava-se de mim uma grande ansiedade. Mais uma voltinha no camião e, um ano depois, voltava ao lagar de Dornelas para recordar toda aquela estranha maquinaria, que transformava as nossas azeitonas naquele líquido de “ouro” tão saboroso e saudável.
O azeite era obtido através de prensas, onde se colocavam discos de sisal. Era sobre eles que se espalhava a pasta da azeitona, depois de moída em grandes mós, para se realizar o processo da prensagem.
Todos estes demorados procedimentos fascinavam-me…
𝗡𝗮 𝗖𝗲𝗶𝗮 𝗱𝗲 𝗡𝗮𝘁𝗮𝗹, 𝗮𝘀 𝗯𝗮𝘁𝗮𝘁𝗮𝘀 𝗰𝗼𝘇𝗶𝗱𝗮𝘀 𝗲 𝗼 𝗯𝗮𝗰𝗮𝗹𝗵𝗮𝘂 𝘁𝗶𝗻𝗵𝗮𝗺 𝘀𝗲𝗺𝗽𝗿𝗲 𝘂𝗺 𝘀𝗮𝗯𝗼𝗿 𝗱𝗶𝗳𝗲𝗿𝗲𝗻𝘁𝗲. 𝗘𝗿𝗮𝗺 𝗿𝗲𝗴𝗮𝗱𝗼𝘀 𝗰𝗼𝗺 𝗼 𝗮𝘇𝗲𝗶𝘁𝗲 𝗻𝗮𝘁𝘂𝗿𝗮𝗹 𝗱𝗮𝘀 𝗻𝗼𝘀𝘀𝗮𝘀 𝗼𝗹𝗶𝘃𝗲𝗶𝗿𝗮𝘀…
Marco Alves, 13 de junho de 2020
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