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O ESTEVES ROQUEIRO

  • Foto do escritor: Marco Alves
    Marco Alves
  • 9 de jul. de 2023
  • 3 min de leitura

O Esteves era aquele tipo de jovem que não se enquadrava com o mundo. De calça justa preta, t-shirt apertada, cabelo comprido e mata-ratos na boca, apenas se deleitava nos acordes arranhados que fazia na sua velha guitarra acústica.

Em 1950, amante do rock rebelde, com sonoridades estridentes, letras provocadoras e ritmos enérgicos, aí o Esteves encontrava terreno fértil para questionar as normas estabelecidas e desafiar as convenções sociais. Essa expressão revolucionária tornava-se no seu grito de revolta, uma voz para aqueles que se sentiam marginalizados ou alienados. E foi, de facto, um fenómeno cultural.

Diariamente, ouvia Elvis Presley, Chuck Berry e Little Richard, os pioneiros neste género musical. Andava a juntar uns “trocos” para comprar uns Lp’s que estavam a sair nos Estados Unidos. Estava era na dúvida relativamente às rotações do vinil. Não sabia se teria de trocar de gira-discos.

Nos anos 60, durante o auge do movimento hippie, lá estava o Esteves. Época em que o rock encontrou um terreno especialmente fértil para se desenvolver e se tornar um símbolo da contracultura da época. Ouvia, agora, também The Beatles, The Rolling Stones, The Doors ou Jimi Hendrix (ícones desse período) e as suas mensagens de paz, amor livre e crítica social, que o continuavam a inspirar a desafiar as normas estabelecidas.

Isso fez com que andasse na luta pelos direitos civis, apoiasse o movimento feminista, se opusesse à guerra e defendesse os direitos dos jovens. Era no rock que encontrava a forma perfeita de protesto contra as normas sociais e políticas que considerava opressivas e desatualizadas.

Em 1969, lá vai o Esteves para mais uma façanha. Talvez a sua mais marcante aventura, na história da sua vida. No Festival de Woodstock, nos Estados Unidos, anunciado como "Uma Exposição Aquariana: 3 Dias de Paz & Música", foi um dos 400 mil espetadores a assistir a concertos de trinta e dois dos mais conhecidos músicos da época. É verdade, conseguira entrar no seu mundo. Encontrou uma comunidade de pessoas com ideais semelhantes, proporcionando um senso de força coletiva.

Foi num fim de semana chuvoso! Enfim, detalhes… Quem é a chuva, comparando com um momento único e lendário, reconhecido como um dos maiores festivais da história, onde se celebrou a música e se promoveram ideais de amor, igualdade e liberdade?

Ah, “ganda” Esteves!

E se o Esteves se aproximava e fazia mais pelo mundo, também o rock continuava a evoluir e a se reinventar, mantendo a sua ligação com a contracultura.

Nos anos 70, o Esteves, através de uma nova variação do rock, o punk rock, acrescenta uma nova dose de rebeldia e continua a sua crítica às estruturas sociais e políticas. Agora, já ouve Sex Pistols e The Clash, que se tornaram porta-vozes da insatisfação da juventude e da raiva contra o sistema.

Já mais velho, nos anos 90, adere ao movimento grunge, evidenciando sentimentos de alienação e desilusão de uma geração desencantada.

Na sua aldeia e arredores, o Esteves tornou-se um símbolo de resistência e identidade contracultural e deixou um legado. Além do gosto pela música, influenciou a moda, comportamentos e estilos de vida. Eram cada vez mais os que optavam por um visual roqueiro, com roupas extravagantes, cabelos longos e atitude rebelde.

Numa aldeia onde as normas sociais eram restritivas e a expressão individual muitas vezes desencorajada, o Esteves foi de uma força vital. Despertou consciências para a importância de questionar, desafiar e procurar uma sociedade mais inclusiva e justa. Inspirou à autenticidade, a abraçar a singularidade e a lutar por mudanças positivas, com uma forma de encarar o mundo que pode moldar o futuro.

Obrigado, Esteves!


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Marco Alves, 9 de julho de 2023

 
 
 

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