SÃO PEDRO FINS
- Marco Alves
- 24 de nov. de 2017
- 3 min de leitura
Atualizado: 21 de jan. de 2023

O Monte de São Pedro Fins tem uma altitude de 550 metros. Segundo, Pinho Leal: “S. Pedro Fins, eminência outrora assinalada também por castro, de grandes proporções, ou castelo, depois por uma capela meeira entre Caldelas e Caires, dizendo que “a imagem do Santo veio para ali do lugar de S. Fins, freguesia de Rendufe, e por isso se chamou S. Pedro Fins por abreviatura de S. Pedro de S. Fins, ou então era corrupção de S. Pedro Felix . Redundavam, outrora, os festivais destas capelas fronteiriças, S. Pedro Fins, S.to Ovídio e S.ta Cruz, em arraiais de grossa pancadaria, verdadeiras batalhas entre mancebos das terras circunvizinhas, que para aqui guardavam sistematicamente o tirar desforço de contendas e despiques, especialmente por questões de preferência entre namorados. E as “cachopas” compraziam se lá no íntimo com a fama dos valentões, que passava de boca em boca no segredo de umas às outras de suas confissões amorosas. A origem e razão de ser destes acontecimentos, com que de antemão já contavam os frequentadores destas romarias acidentadas, está bem de ver que se filiavam no exemplo de tradições medievais, que os cavaleiros criaram à volta das damas uma auréola de dignidade e de graça e desafiavam-se em justas e torneios para merecerem-lhes as simpatias. Se foram de conveniência do momento, que imperou a força bruta, o reflexo de tais exemplos veio empalidecendo à medida que o policiamento dos costumes e o rigor das justiças os foi reprimindo e, simultaneamente, o artificialismo dos desportos também veio a supri-los.” Qualquer daquelas sugestões de Pinho Leal tem pouco cabimento. O Elucidário de Viterbo, sob a palavra mámoa, discorrendo sobre os diferentes meios naturais e convencionais com que nossos antepassados dividiam os territórios (arcas, petras fixas, arborea finales, etc.), apresenta uma razão mais aceitável, e em tal conformidade, S. Pedro-fins (de fines) - o segundo elemento significa “limites”. Este pico altíssimo também foi conhecido por Castelo de Espinho: - Castrum spineum, por situar-se na espinha de todo o sistema montanhoso que se, elevava do bico da confluência ao bico da Geira, e em correlação com a mesma adequada nomenclatura geográfica de «Castrum anofrice e Castrum lagenosum».
SILVA (DOMINGOS M. DA) – MONOGRAFIA DO CONCELHO DE AMARES. Amares. 1958-1959.
Oficinas Gráficas de «A Modelar». Amares
O Castrum spineum, povoado fortificado, localiza-se na vertente SW do monte de S. Pedro Fins, num esporão bastante largo, definido pela curva de nível dos 450m, com uma pequena sobre-elevação que corresponde a uma massa de afloramentos rochosos. O sítio é conhecido por Castelo de Espinho. No local existem vestígios duma muralha de pedra miúda, visível sobretudo nos lados este e nordeste do monte. Por toda a superfície do esporão encontram-se fragmentos de tijoleira e escórias de ferro. Albano Belino refere o aparecimento, neste sítio, de pedras aparelhadas pequenas mós, cerâmica e tégulas romanas.
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"No ponto mais elevado da montanha está a capela que lhe dá o nome, dedicada a São Pedro-Fins (S. Pedro na prisão), ermida tosca, antiquíssima, que foi reedificada e ampliada com sacristia em 1869, à custa de um devoto e dos párocos de Caldelas e Caires.
Em 1950 cobriu-se com placa de cimento armado, para evitar os estragos causados pela ventania nos temporais. É meeira esta ermida, ali colocada como marco divisório das freguesias de Caldelas e Caires, na qual têm jurisdição os respectivos párocos, anual e alternadamente.
Noutros tempos, no dia da festa que ocorre no primeiro domingo de Agosto, em cumprimento de um voto feito pela Corporação Municipal, era de uso concorrerem todas as cruzes paroquiais do Município, processionalmente; a Corporação assistia formalizada.
Ainda agora há grande concorrência de romeiros.
As ofertas, respeitando costume antigo, fazem-se em frangos.
De uma altitude apreciável, é soberbo miradouro donde se disfruta panorama surpreendentemente belo sobre os vales feracíssimos do Homem e Cávado até Esposende, até ao mar....
No flanco, a poente da montanha de S. Pedro, num esporão cónico sobre a freguesia da Portela, dita da Joubreia, encontram-se vestígios dum teléfono romano: torre quadrada, aberta na parte superior aos quatro ventos, postos semafóricos, com cujo encadeamento os Romanos conseguiram transmitir uma ordem da capital do Império ao ocidente peninsular em dois dias. contando as noites, segundo Estrabão, por meio de matracas e fogos.
Mais tarde. ao surgirem os marcos geodésicos o povo, por semelhança e com reminicências dos telefones antigos chama-lhes talefes, correspondendo a palavra."
"Sobranceira à freguesia,a nascente,e rgue-se imponente a montanha de S.Pedro-Fins, escalvada, rochosa, com reduzida arvorização."
SILVA (DOMINGOS M. DA) – MONOGRAFIA DO CONCELHO DE AMARES. Amares. 1958-1959.
Oficinas Gráficas de «A Modelar». Amares
Marco Alves, 24 de novembro de 2017
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