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Pampas frágeis
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FORMIGA, COMPANHEIRA!

  • Foto do escritor: Marco Alves
    Marco Alves
  • 18 de mai. de 2020
  • 2 min de leitura

E era só mais um dia…

Um dia que seria sempre diferente. A ânsia e vontade de fazer coisas novas estava dentro de mim.

Em dia primaveril, boné na cabeça, lá ia eu campos fora. Depois de pensar e repensar, mas nada de novo. Já tinha brincado ali e acolá. Precisava de algo diferente.

Vim até ao portão, talvez encontrasse algum dos meus amigos na rua. Sentei-me no muro de pedra, à espera de companhia. Parece que o dia, afinal, ia ser uma chatice…

Olhos prostrados no chão, nada viam… só a cabeça ia pensado em algo para fazer. Repentinamente, uma formiga sobe pelas minhas pernas, despertando-me para o que estava ali, à minha frente. Eram tantas e lindas formigas pretas!

Inicialmente, fiquei ali uns bons minutos, apenas a observar. Encarreiradas, iam seguindo uma linha já bem traçada, acarretando o seu sustento para o inverno. A velocidade do seu percurso era incrível!

Foi então que me lembrei de lhes trazer algo para ajudar. A correr, fui a casa buscar um pão. A minha avó ainda perguntou:

- Ainda estás com fome?

- Não, avó. É para as minhas amigas.

Ela deve ter pensado que estava mais alguém comigo. Mas lá saí, novamente, a correr para a entrada do portão. Estava tão entusiasmado. Parece que as formigas tinham percebido que eu precisava de companhia.

Ansioso, fui despejando migalhas do pão, no carreiro. Iam-se aglomerando e cada uma ia tentado pegar no pedaço maior. Alguns eram bastantes pesados. Mas, pouco tempo depois, já estavam divididos e a serem acarretados.

Por ter colocado as migalhas perto do buraco, no carreiro, mais à frente, já não via aquela azáfama. Quase todas estavam acumuladas, o que dificultava a congestionada entrada. Então, resolvi, para não quebrar o ritmo de trabalho, colocar mais migalhas, no restante percurso. Melhorou, bastante.

Voltei a sentar-me no muro e ali fiquei a observá-las, enquanto pensava como elas trabalhavam todas a grande ritmo e em comunidade. Não sabiam ler, nem escrever, mas a palavra partilha tinha um enorme significado para todas.

Depois desta reflexão, curioso, levantei-me e aproximei-me do carreiro, encostando a minha cabeça ao chão, fitava-as para perceber o seu entusiasmo. (Quem sabe se não estaria a sorrir).

A sua presteza até me trocava os olhos. Que rapidez!

Pensava na melhor palavra para as descrever: rápidas, entusiasmadas, laboriosas, disciplinadas, comunitárias…

Faltava, mais uma palavra.

(Pensa, Marco!)

Sim, claro: COMPANHEIRAS! Sem me aperceber, tinha alia aquelas amigas a quem eu tinha ajudado e elas a mim.

- Ó Marco!

Era a minha mãe.

Já era hora do almoço? Já tinham passado quatro horas?

Disse apenas:

- Vou almoçar e já vos trago mais pão. Até já, companheiras!


Marco Alves, 18 de maio de 2020

 
 
 

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