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SÃO PEDRO FINS - O NOME

  • Foto do escritor: Marco Alves
    Marco Alves
  • 14 de jan. de 2023
  • 6 min de leitura

Atualizado: 21 de jan. de 2023

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Sobre o Monte de São Pedro Fins e a sua nomenclatura existem várias versões.


“São Pedro Fins, São Pedro de Fins, Fins, São Fins ou Sanfins é o orago de várias paróquias portuguesas, em especial na região do Minho, sendo um termo de origem obscura.

O orago comemora-se a 1 de agosto.


Jorge Cardoso e D. António Caetano de Sousa, autores do Agiológio Lusitano, cujo volume final foi publicado em 1744, consideram o termo equivocação que o povo fez, por ser o dia de São Félix Diácono, e o das cadeias de São Pedro Apóstolo. E que assim o advertiu o Arcebispo D. Rodrigo da Cunha, tendo o povo juntado Pedro, pelo Apóstolo, e Fins, por ser nome que antigamente se dava a São Félix; e, pela mesma razão, a residência que junto ao Minho têm os Padres da Companhia, é chamada de São Fins, por nela se conservar a cabeça do Santo Mártir Félix.

O etnógrafo Moisés Espírito Santo admite uma explicação diversa para o termo. Para este autor, São Pedro Fins equivale a São Pedro dos Fens, cristianização da divindade pagã Baal Seiman, festejada no solstício de Verão; e o próprio uso de "São Félix" em Portugal seria uma corrupção erudita de Fins. Moisés Espírito Santo reconhece a existência de vários santos cristãos com esse nome, mas considera improvável que o termo se refira a qualquer um deles, por serem desconhecidos na região.”


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“Penedos Fins, S. Pedro Fins: como temos vindo a constatar, o etnónimo Phoeni pode encontrar-se sob uma infinidade de variantes: Fins, Samfims, São Fins e São Pedro Fins ou de Fins, são topónimos e hagiotopónimos muito comuns no Minho. Certos autores costumam explicar o nome São Pedro Fins, ou de Fins pela deformação do latim Petrus ad Vincula, São Pedro nas Cadeias, mas a passagem de Vincula para Fins, do V para o F é contra natura; para outros, é a deformação de São Pedro e São Félix. São Pedro Fins, ou São Pedro de Fins, equivale a São Pedro ( = Simão) dos Fens, que é a cristianização de Baal Seiman festejado no solstício de Verão. O topónimo São Félix (independentemente da existência de santos cristãos com esse nome, mas que ninguém conhece) é uma corrupção erudita de Fins. Adaptou-se um São Félix aos sítios chamados de Fens, Fence, Fins, Fenxe, Feixe.“

Origens orientais da religião popular portuguesa, Moisés Espírito Santo, Assírio & Alvim, 1988, p. 327


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"S. Pedro Fins, eminência outrora assinalada também por castro, de grandes proporções, ou castelo, depois por uma capela meeira entre Caldelas e Caires, dizendo que “a imagem do Santo veio para ali do lugar de S. Fins, freguesia de Rendufe, e por isso se chamou S. Pedro Fins por abreviatura de S. Pedro de S. Fins, ou então era corrupção de S. Pedro Felix.

(...) Qualquer daquelas sugestões de Pinho Leal tem pouco cabimento. O Elucidário de Viterbo, sob a palavra mámoa, discorrendo sobre os diferentes meios naturais e convencionais com que nossos antepassados dividiam os territórios (arcas, petras fixas, arborea finales, etc.), apresenta uma razão mais aceitável, e em tal conformidade, S. Pedro-fins (de fines) - o segundo elemento significa “limites”."

SILVA (DOMINGOS M. DA) – MONOGRAFIA DO CONCELHO DE AMARES. Amares. 1958-1959.

Oficinas Gráficas de «A Modelar». Amares

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Registos publicados no jornal Tribuna Livre pelo padre Calisto Vieira e E.M.E. entre 1954 e 1961 podem ajudar a cimentar a ligação do nome a S. Pedro nas Cadeias.

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"A devoção ao Santo, sob a invocação de S. Pedro nas Cadeias libertado pelos anjos, atrai grande número de fiéis. "

E.M.E.







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"Do lado norte, tal como a bússola a apontar-nos o caminho, alveja uma capelinha no píncaro mais elevado do monte dedicada, desde remotas eras à devoção de S. Pedro nas Cadeias, festa que tem o seu dia próprio, em 1 de Agosto de cada ano, mas que, por convenção muito antiga, se celebra na nossa capelinha de S. Pedro Fins, no primeiro domingo do mês de Agosto, alternadamente, pelas freguesias meeiras de Caires e Caldelas. "

E.M.E.




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"A milagrosa libertação de S. Pedro, das cadeias, servido pelos anjos, é evocada ali no alto da montanha, com aquele espírito de penitência que a jornada impõe a todos os devotos. "

E.M.E.


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"Não podemos deixar em branco a passagem da pequena mas tão simpática festa de S. Pedro-Fins, dedicada a S. Pedro na prisão, que o Hagiológio Insere no dia 1 de Agosto e que tradicionalmente se celebra ali no alto da montanha, no primeiro Domingo do mês de Agosto de cada ano.

S. Pedro foi milagrosamente liberto da prisão, pelos anjos, para prosseguir, triunfalmente, na chefia da Igreja que lhe estava confiada e continuar alicerçada na pedra angular da sua figura gigante."

E.M.E.









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"Manhã cedo, organiza-se a procissão junto à Igreja e daí vai serpenteando o monte, de colina em colina, até ao píncaro da serra onde se encontra. a capelinha dedicada a S. Pedro na Prisão, a recordar aquele célebre milagre em que os anjos vieram libertar o nosso Santo da cadeia, abrindo-lhe as portas, dando-lhe novamente liberdade para exercer o seu frutuoso apostolado e vincular Cátedra que havia de guiar o mundo espiritual."

Pe. Calisto Vieira








S. Pedro nas cadeias: Pedro é preso e libertado por um anjo


"Por aquele tempo, o rei Herodes tomou medidas contra alguns da igreja. E matou Tiago, irmão de João, pela espada. Vendo que isto tinha agradado aos anciãos, Herodes prendeu Pedro durante a festa da Páscoa. E meteu-o na cadeia guardado por quatro grupos de quatro soldados cada. A intenção de Herodes era entregar Pedro aos judeus para que fosse julgado depois da Páscoa. Mas durante todo o tempo que passou na prisão, a igreja orava fervorosamente a Deus, rogando pela sua vida.

Na noite anterior ao seu julgamento, Pedro dormia preso com correntes duplas, entre dois soldados; havia ainda outros guardas à porta da prisão. De súbito, fez-se uma luz na cela e junto dele apareceu um anjo do Senhor que, tocando-lhe para o acordar, disse: “Levanta-te depressa!” Logo as correntes lhe caíram dos pulsos. E continuou: “Veste-te e calça-te.” Pedro obedeceu. “Agora embrulha-te na capa e segue-me!”

Saiu da cela atrás do anjo, mas sem saber que aquilo que o anjo estava a fazer era real, antes pensava que se tratava de uma visão. Passaram pelo primeiro e segundo postos da guarda e chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade, o qual se abriu por si mesmo à frente deles! Cruzaram-no e caminharam juntos pelo espaço de um quarteirão. E então repentinamente o anjo desapareceu.

Só nessa altura é que Pedro compreendeu o que tinha acontecido. “É realmente verdade!”, disse consigo próprio. “O Senhor mandou o seu anjo salvar-me das mãos de Herodes e do que os judeus queriam fazer-me!”

Depois de pensar um pouco, dirigiu-se a casa de Maria, mãe de João Marcos, onde muitos se encontravam reunidos para orar. Bateu no portão da entrada e quem o abriu foi uma rapariga chamada Rode. Esta, ao reconhecer a voz de Pedro, ficou tão contente que voltou a correr para dentro de casa dizendo quem estava à porta da rua; mas não acreditavam nas suas palavras. “Não estás boa da cabeça!”, diziam. Mas como insistisse, julgaram: “Deve ser o seu anjo!”

Entretanto, Pedro continuava a bater à porta. Quando, por fim, a abriram, a surpresa não podia ser maior. Pedro fez-lhes sinal para que se acalmassem e contou-lhes o que sucedera e como o Senhor o tirara da cadeia. “Contem também a Tiago e aos outros o que aconteceu”, disse, saindo em seguida para um local mais seguro.

Chegada a manhã, houve um grande alarido na prisão. Que era feito de Pedro? Quando Herodes o mandou buscar e soube que não estava lá, prendeu os guardas que foram condenados à morte.

Depois disto, Herodes deixou a Judeia e foi para Cesareia durante algum tempo. Ali, procurou-o uma delegação chegada de Tiro e Sídon. Herodes estava em conflito com o povo daquelas duas cidades, mas os enviados, travando amizade com Blasto, o secretário do rei, pediram a paz, pois as suas cidades dependiam do rei para alimento. Combinada uma entrevista com o rei, no dia marcado, Herodes, nas suas vestes reais, sentou-se no trono e fez um discurso. No fim, o povo gritou com grandes aplausos: “Isto não é um homem a falar! É a voz de um deus!”

Imediatamente um anjo do Senhor feriu Herodes com uma doença, de tal modo que se encheu de bichos e morreu, por ter aceitado a adoração do povo, em vez de dar glória a Deus.

As boas novas de Deus, porém, espalhavam-se rapidamente e havia muitos novos crentes. Barnabé e Saulo acabaram a sua missão em Jerusalém e regressaram a Antioquia, levando João Marcos com eles."



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Marco Alves, 14 de janeiro de 2023

 
 
 

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