JANELA ABERTA
- Marco Alves
- 13 de jan. de 2023
- 3 min de leitura
A casa, sinónimo de lar, traz o conforto, remete para as nossas origens, para a nossa própria identidade.
É nela que sentimos verdadeiramente o amor, a cumplicidade, o carinho, a complacência, a compreensão… Laços que não desenlaçam e que genuinamente nos ligam, logo que somos gerados até à velhice. Tal como um embrião, no seio de uma mãe, se sente protegido, aconchegado, assim é a família, o lar.
Somos felizes (sem o saber)!
Contudo, há uma janela aberta para o exterior e achamos que coisas mais supérfluas nos faltam… acabamos por não valorizar o que temos com a verdadeira e merecida intensidade. Acabamos por não valorizar aquele “bom dia”, o “obrigado”, ou simplesmente a genuinidade de um sorriso. Vivemos, hoje, num mundo que nos oferece tantos recursos, tantas facilidades que, infelizmente, parecem, cada vez mais, afastar as pessoas.
Essa janela aberta que trouxe a inovação, que permitiu facilitar a nossa vida, que nos tentou aproximar ainda mais. Porém, parece que, cada vez mais próximos, estamos cada vez mais distantes.
Aqueles valores, aquela educação (orgulhosamente, digo à antiga), vai-se extinguindo a cada dia que passa.
Apetece fechar a janela e ficar no conforto do lar. No entanto, para além da janela, somos obrigados até a abrir a porta e sair para este mundo, tantas vezes, cruel. Parece que acordamos e vamos fazer o sacrifício de viver mais um dia, igual a todos os outros. Não somos capazes de reconhecer a dádiva da vida. Não somos capazes de olhar para o lado e admitir que afinal somos felizes, porque efetivamente somos uns ditosos ao ter saúde, ao ter “pão” na mesa, ao ter um “abrigo”… a viver em paz!
São, de facto, factos que apenas iremos valorizar quando algum deles faltar.
Há, cada vez mais, um negativismo exacerbado. Tudo está mal, não se gosta disto ou daquilo, apetece criticar negativamente só porque até aparece que já nos “está no sangue”.
Faço o “mea culpa”, pois também não sou diferente dos demais e, da mesma forma, me incluo neste meu reparo.
Contudo, com o tempo, tenho aprendido a valorizar o positivo e a filtrar aquilo que considero mais importante. Aprendi a comentar futebol, brincando, com aqueles que o fazem da mesma forma saudável; optei por discutir questões políticas em conversas pessoais; decidi que o que o outro faz é da sua inteira responsabilidade e resta-me a mim, pelo menos, respeitar.
De facto, é nesse respeito que nutro por mim, que me magoa, por vezes, assistir à desconsideração por quem faz algo, se entrega por uma causa. Concordemos ou discordemos, é imperativo, pelo menos, o respeito.
Se todos nos disponibilizarmos para ajudar a construir, certamente que nos sentiremos mais felizes e mais realizados. Faremos muito mais pelos outros e por nós próprios.
Abracem e beijem familiares, amigos ou conhecidos. Não sabemos se o poderemos fazer no amanhã. A vida é demasiado curta e se a soubermos aproveitar da melhor forma, certamente que ela passará recheada de momentos de alegria. Se tu já não estiveres cá, não sofrerás; mas se estiveres, vais sentir muito essa necessidade. Lembra-te daqueles que amas e já partiram, mas que estarão, de outra forma, à tua mesa. Restará apenas aquela mágoa e aquela saudade.
Genuinamente, leva a felicidade e sê feliz.
A vida são dois dias e este já conta… VIVE!
Abre a tua janela e deixa que por ela entre o ar saudável que respiras dentro da tua casa.
CARPE DIEM!

Marco Alves, 13 de janeiro de 2023
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